Os Dez Filmes Mais Geek de 2009

2009 foi um bom ano para o cinema geek. Não tão bom em termos de quantidade, mas com filmes muito bons nos quesitos originalidade, fantasia e harmonia. Não tivemos a tradicional enxurrada de adaptações de quadrinhos de outros anos, mas o Sci-Fi teve seu destaque. Os critérios são totalmente subjetivos, mas o principal é o filme ter aquela pegada que excita nossos neurônios seja no roteiro, na ambientação ou no humor. Como qualquer lista, esta deixou muita coisa de fora, vai despertar polêmicas, mas essa é a idéia. Vamos a ela:
10 Zombieland
Comédia de Zumbi já está virando um subgênero. Já tivemos os ótimos Fido e Shawn of the Dead e o trash total Zombie Strippers. Mesmo com um roteiro simplório, Zombieland consegue manter o pique e o humor do começo ao fim, se pendurando em bons atores e uma memorável participacão especial. O ponto fraco é o ator principal, que tenta imitar Michael Cera (Juno, Year One, Arrested Development) o tempo todo. Pelo jeito o filme foi bem de bilheteria porque ja falam em uma continuação.
9 Pandorum
Terror espacial é outro subgênero que nasceu com Alien e já rendeu grandes bombas. Pandorum consegue manter uma atmosfera de suspense, apesar da edição nervosa a la Guy Ritchie quase estragar o clima. Um par de astronautas acorda sozinho em uma nave gigantesca que supostamente seria a salvação da humanidade. Logo descobrem que algo deu errado. Em vários momentos parece uma versão séria e cabeçuda de Red Dwarf":http://www.imdb.com/title/tt0094535/ e você acha que O Gato vai pular dançando na tela a qualquer hora. Como se não bastasse o terror físico de zumbis-aliens-canibais ultravelozes galopando pela nave, você ainda leva de brinde um terror psicológico na forma de uma doença que acomete viajantes espaciais (chamada Pandorum) que todo mundo conhece mas ninguém sabe identificar os sintomas em si mesmo. O twist final é digno de um Asimov ou Clarke.
8 ? Arraste-me para o inferno
Fãs de Evil Dead se rejubilaram ao ver Sam Raimi de volta ao besteirol de terror, em plena forma. Todos os maneirismos que fizeram a fama do diretor antes de Spiderman o levar aos píncaros da glória estão lá, uma prova que o sucesso não subiu a sua cabeça. Personagens pra lá de esquisitos, história que poderia ser contada em duas páginas de HQ, câmeras chicoteando como um domador de leões que fumou crack e uma mistura fina, espalhafatosa e gosmenta de terror e pastelão. Trash clássico instantâneo de primeira linha. Somente para os verdadeiros conoisseurs do gênero.
7 Watchmen
Uma das mais esperadas adaptações de quadrinhos de todos os tempos tem como trunfo e defeito a mesma coisa: é extremamente fiel ao original. Infelizmente, duas horas e quarenta e dois minutos de filme não são suficientes para dar profundidade aos personagens como os doze gibis de Allan Moore e Dave Gibbons. Nem a Versão do Diretor, com vinte minutos a mais, consegue isso. Mesmo assim, fãs da HQ não podem reclamar. Nem Allan Moore pode. Toda a saga dos anti-heróis está lá, ao vivo e com atores. Quem acha três horas e meia pouco, pode ir atrás da Ultimate Version, com 215 minutos, que traz os tiozinhos na banca de jornal e os Contos do Cargueiro Negro entremeados na história. Quem assiste tanto Watchmen?
6 FAQ about Time Travel
?E o Oscar de Maior Número de Referências Geeks por Minuto vai para?? FAQ Sobre Viagem no Tempo é um modesto filme inglês com o mesmo ator principal de ÏT Crowd" que se destaca pelo numero acachapante de citações a outros filmes de viagem no tempo e pelo roteiro divertido e sem grandes furos.Só por isso já ganha posição de destaque em nossa lista. Três caras em um pub conversando sobre a possibilidade de viagens no tempo que encontram uma fenda temporal no banheiro masculino, com resultados hilários. Muito divertido e curto (menos de 80 minutos) parece mais um episódio ampliado de uma série de TV que um filme, mas vale totalmente o tempo de download.
5 Avatar
Um marco na história dos cases de marketing cinematográficos. O filme que viabilizou o cinema 3D e empurrou a indústria de cinema em direção à realidade virtual. Se não fosse por isso e por seu impressionante apuro tecnológico, o filme de James Cameron não entraria em nossa lista. A histórinha chinfrim misturando Rambo com Pocahontas na terra dos Smurfs gigantes e rabudos não convence um verdadeiro geek. O visual chupado dos discos do Yes da década de 70 também não. Mas a gente releva porque é Cameron, porque alguém tem que pagar o render farm e porque não tem nada melhor para se ver no telão do IMAX.
4 Ágora
Nem só de batalhas espaciais vive o Geek, O espanhol Alejandro Amenábar, fez um filme histórico (nos dois sentidos) que mistura filosofia, matemática e astronomia, além de boas doses de feminismo e ateísmo. Quer coisa mais Geek do que isso? O filme é baseado na história de Hypatia, uma das poucas mulheres filósofas do mundo antigo e mostra a destruição da biblioteca de Alexandria por hordas de cristãos revoltados. O paralelo entre os atos dos cristãos da época com os muçulmanos de hoje é escancarado. Católicos e protestantes ficaram revoltados com o retrato feito dos seguidores de Jesus, mas o filme até que pega leve, reservando um final mais suave para a filósofa que o relatado por historiadores. Amenábar, como sempre, dirige impecavelmente, mesmo com o filme sendo uma mudança radical em relação a seus trabalhos anteriores.
3 Star Trek
J.J. Abrams já tem seu trono garantido no panteão dos deuses da TV geek graças a Lost, Fringe, Alias e até alguns episódios de Felicity. Não obstante, dá suas cacetadads no cinema. Conseguiu o feito de rejuvenescer a cinquentenária e seminal série de TV, agradando a trekkies e troianos. Mesmo que nunca ouviu falar de Mr.Spock saiu satisfeito do filme, que tinha ligações suficientes com a ?mitologia? roddenberyana para agradar aos mais fanáticos. Teve até a morte de um red shirt! Rejuvenescer os personagens e embolar os relacionamentos deu um frescor e um inusitado estilo ?Ultimate Universe? a Kirk e cia. que pegou superbem.
2 Moon
Ficção Científica de primeira, como se fazia na década de 70. Bons atores (ehem, bom ator), direção de arte impecável (uma enorme homenagem ao 2001 de Kubrick), história intrigante que se desenrola aos poucos e prende a atenção até o fim. O único trabalhador em uma estação de mineração na lua acorda um dia depois de um acidente com uma colheitadeira de minério (!) gigante sem lembrar o que aconteceu. Depois de discutir com o computador da firma que lhe faz companhia, sai para investigar o acidente e encontra uma cópia de si mesmo quase morto no local. Tchan-tchan-tchan. Trama muito bem amarrada, final um pouco broxante. Mas a grande pergunta é: quem confiaria em um computador com a voz do Kevin Spacey?
1 District 9
Sem dúvida, o filme geek mais original da década. Efeitos impecáveis e fusão de CG com atores que bota qualquer Cameron no chinelo. Aliens chegam a Terra, mas em vez de chegar em Washington e pedir para serem levados a nossos líderes, caem em Johanesburgo e são segregados. A metáfora com o Apartheid é óbvia, mas menos explícita que no curta que deu origem ao filme, que utilizava entrevistas reais com sul-africanos reclamando dos negros do Zimbabwe, intercaladas com cenas de aliens em exoesqueletos brigando com a polícia. Dá vontade de imaginar o que teria acontecido se os aliens tivessem pousado em uma favela brasileira. Logo estariam trabalhando de frentista ou vendendo queijo coalho e cerveja na praia. ?Ô camarão, traz mais uma geladinha?.